terça-feira, 9 de junho de 2015

E quando a bebé chora?


Cá em casa, não acreditamos na velha máxima de que "chorar é bom para os pulmões" (há com cada ideia!).
 
E, por isso, respondemos ao choro da nossa bebé com amor, prontidão e (mais ou menos) paciência (pois somos humanos e nem sempre temos a disponibilidade mental e emocional que gostaríamos!).
Não será isso que qualquer pai faz? Não será o choro do bebé biologicamente programado para ser tão difícil de suportar que qualquer pessoa se sente impelida a reagir de imediato?
 
A verdade é que há muita literatura, alguma de autores pouco conhecidos, outra de pediatras de renome mundial, que defende que não podemos responder sempre aos "caprichos" dos bebés, ensinando até métodos para treinar o seu choro.
E eu decidi escrever este texto há uns dias atrás, quando uma amiga, que está grávida, me falou entusiasmada de um destes métodos. Seria qualquer coisa deste tipo: de cada vez que o bebé chorasse, dever-se-ia aumentar o tempo de resposta e gradualmente o bebé deixaria de chorar "sem razão" e aprenderia a autocontrolar-se.

E porque é que não concordo com isto?

Em primeiro, porque não acredito que um bebé chore sem razão.  O choro é a sua forma de nos comunicar as suas necessidades, por vezes, depois de já ter tentado fazê-lo através de outros sinais, sem ter sido compreendido ou correspondido. E, por necessidades entenda-se fome, fralda suja, sono, ou qualquer outra coisa (igualmente importante) de que sinta falta ou que o esteja a incomodar.
Quantas vezes a minha bebé chora com verdadeiras lágrimas a escorrerem-lhe pela cara, parando de imediato e substituindo-as por um rasgado sorriso quando a seguro ao colo? Algumas! Chorava sem razão? Não! Chorava porque sentia saudades do meu abraço, ou queria sentir o meu calor, ou estava farta de estar na espreguiçadeira e queria ver o mundo da minha perspetiva, ou porque tinha uma dor qualquer que desapareceu quando se distraiu, ou porque... Enfim, na maior parte dos casos não o saberei. Mas sei que alguma coisa foi e, mesmo que a mim não me pareça importante, para ela sê-lo-á certamente e merece ser respeitado.

Em segundo lugar, não acredito que um bebé aprenda a autocontrolar-se. Acredito sim que deixe de chorar por cansaço e para não despender mais energia num comportamento que não está a ter resposta.
No caso especifico da minha bebé, se não houver resposta ao seu choro, este tem tendência a aumentar. Penso que com os outros bebés seja semelhante... Para um método desses resultar, creio que será necessário muito sofrimento por parte do bebé.
Conseguem imaginar-se na pele de um bebé sentindo-se desconfortáveis, e não sabendo quanto tempo esse mal estar durará (ou se será para sempre!), pois estão dependentes de outra pessoa para lhe pôr termo? Deve ser terrível!

Então mas a minha bebé nunca chora? Isso era o sonho de qualquer pai (ou vendo bem, talvez não, pois seria sinónimo de que algo não estava bem na capacidade de comunicação do bebé)... Chora.
E eu consigo sempre evitar que o faça? Não. Há situações, em que pela força das circunstâncias, é inevitável.
Se a coloco no ovinho e não vou logo para a rua, chora. Contudo, eu tenho de fazer aquelas coisas necessárias antes de sair de casa, que não me são possíveis com ela ao colo.
Se estamos a jantar e ela chora, comemos num ápice, levantamo-nos à vez para tentar distraí-la, mas ainda assim durante esses instantes ela chora. Estou desejosa que se possa sentar numa cadeira da papa para nos acompanhar nas refeições, pois esta é uma situação muito recorrente...
Quando lhe coloco a fralda, às vezes, ela sente-se incomodada e chora. Mas eu não posso (ou pelo menos ainda não me convém!) deixá-la andar de rabo ao léu!

Tal como já escrevi anteriormente, neste texto sobre o colo, acredito que respondendo às suas necessidades, estou a criar uma criança mais confiante. Confiante na sua forma de comunicar com os outros (e se for compreendida antes do choro tanto melhor), o que terá impacto na forma como estabelecerá relações... Confiante no mundo que a rodeia, sentindo-o como um lugar bom, o que terá repercussões na sua curiosidade e capacidade para atuar sobre ele...
E uma criança confiante tem já meio caminho percorrido para ser uma criança feliz! Não é isso que todos queremos?...

 

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