sexta-feira, 10 de julho de 2015

Primeiras experiências em Baby-Led Weaning...

Cá em casa, a nossa bebé começou a explorar novos alimentos.

E quando escrevo "explorar" é mesmo a isso que me refiro...
 
Depois de muito ler em livros e outros blogues, recolher opiniões e experiências em grupos na internet, ver vídeos, ouvir a opinião da pediatra e pensar muito, muito, decidimos que a introdução dos alimentos sólidos se faria através do método Baby-Led Weaning.

Baby-Led Weaning?! O que é isso?
Fazendo uma tradução da expressão, será qualquer coisa como "desmame conduzido pelo bebé". Contudo, tal não significa que é o fim da amamentação. Esta continua a ser a fonte do seu alimento principal, mas o bebé tem um papel ativo na iniciação da alimentação complementar com sólidos. Isto acontece pois, em lugar de lhe serem dadas sopas e papas, à boca com uma colher, nas quantidades definidas pelos adultos (normalmente os pediatras), são lhe disponibilizados os alimentos (sem estarem triturados) para que ele os explore com as mãos. É ele que decide o que quer comer e em que quantidade.

Futuramente, penso escrever sobre as vantagens do Baby-Led Weaning (BLW), bem como do que nos motivou a esta escolha, mas, neste momento, vou me centrar em relatar como foram os primeiros contactos da bebé com a comida e em partilhar os meus pensamentos daí emergentes.

No primeiro dia, cortei a cenoura em palitos e cozi a vapor.
Coloquei um palito sobre o tabuleiro da sua cadeira e, como não estava a dar-lhe atenção, peguei nele e ofereci-lho. Ela agarrou-o e levou-o à boca. Partiu-se ao meio (penso que devia tê-lo cozido um pouco menos e talvez não tivesse sido má ideia cortá-lo mais grosso) e ela ficou a explorar uma parte.  Levou-a à boca, várias vezes, até ficar com uns pedacinhos lá dentro, que começou a mastigar. Cuspiu um desses pedacinhos e tentou engolir o outro.
Foi aqui que o reflexo gag entrou em ação! Ficámos a observá-la, tentando permanecer tranquilos, enquanto puxava o vómito. Ao fim de poucos segundos, conseguiu ver-se livre do bocadinho de cenoura, mas acabou por vomitar um pouco de leite que ainda teria no estômago. Tinha mamado enquanto eu fazia o almoço...
Não ficou assustada, continuou bem disposta, mas não mostrou mais interesse em levar as cenouras à boca... Ainda agarrou nelas, uma ou outra vez, agitando as mãos para cima e para baixo, mas nada mais...
Não foi uma experiência muito positiva, mas deu para percebermos que os mecanismos de defesa do bebé são mesmo acionados de modo a evitar que se engasguem (que era o nosso medo!)...


No segundo dia, tínhamos planeado dar-lhe brócolos, mas ela adormeceu, enquanto eu fazia o almoço.
À hora do lanche, estava desperta, pelo que achámos que seria uma boa altura para a introdução de um novo alimento. Já não havia brócolos, pois eu e o pai tínhamo-los comido, mas eu ia comer um pêssego, que partilhei com ela.
Mostrou-se interessada em agarrá-lo, mas, como era muito suculento, fugiu-lhe muitas vezes entre os dedos, antes que o conseguisse levar à boca. A partir do momento em que provou o seu sabor, não mostrou novamente interesse em colocá-lo na boca.
Fiquei a pensar que talvez não estivesse ainda preparada para novos alimentos. Nunca tinha lido nenhum relato de que as crianças desistissem de pôr a comida na boca, depois de tomarem conhecimento do seu sabor. E, em todos os vídeos que vi, elas não perdiam o interesse como aconteceu com a minha bebé. Tinha uma expetativa diferente, mas tentei não desanimar!


No terceiro dia, novamente à hora do lanche, ofereci-lhe melancia.
De início, pareceu outra vez interessada, pegou no pedaço com alguma dificuldade, mas conseguiu levá-lo à boca. Chupou-o, tendo se soltado um pedacinho, que ela ficou a mastigar. O pedaço era mesmo muito pequenino, mas mesmo assim foi o suficiente para que, mais uma vez, o reflexo gag fosse acionado e ela vomitasse, olhando-me com ar aflito.
Não quis mais colocar a melancia na boca, embora tenha permanecido bem disposta. Obviamente não insisti...
Mas fiquei a pensar que queria fazer BLW para que a hora da refeição fosse algo agradável e o facto de ela vomitar não estava a ser de todo agradável! Para além disso, o meu receio de que ela se engasgasse, em vez de desaparecer com o que ia vendo a cada dia, nesse preciso momento tinha aumentado, porque lhe observava muito menos destreza e interesse do que imaginara.

 
 
Então, conversei com o pai, recolhi opiniões junto de outras mães com mais experiência em Baby-Led Weaning, e tomei a decisão de lhe dar sopa à experiência.
Usando as palavras de uma amiga minha, pusemos a hipótese de que a nossa bebé fosse "mais tradicionalista" e gostasse mais que lhe déssemos a comida à colher...
 
Será que pensámos bem?
A primeira colher ainda lhe entrou na boca (talvez julgasse que era o medicamento das cólicas, de sabor adocicado, que tomava quando era mais pequena!)... Fiquei satisfeita porque não se agoniou, apesar das caretas! Contudo, nas vezes seguintes em que estendia a colher,  virou sempre a cara, fazendo-se desinteressada e eu não quis forçá-la
 
Partindo deste princípio de não usar a força, que é fundamental no BLW, e do qual não pretendíamos abdicar, tomámos nova decisão: em alguns momentos vamos oferecer-lhe os alimentos inteiros, noutros iremos oferecer-lhe sopa para que a explore da mesma maneira.
Haverá quem defenda que isto já não é BLW... Não me importo muito com nomenclaturas, mas com aquilo que acredito resultar melhor com a nossa bebé! E afinal, a sopa pode não fazer parte da dieta das mentoras deste método, mas faz parte da nossa! E a mim tranquiliza-me vê-la provar novos alimentos sem se agoniar ou vomitar!
 
Assim, ao almoço tem brincado com a colher e com a tijela da sopa! Nesta brincadeira, acredito que esteja a aprender...  Mesmo não comendo nada visível aos nossos olhos, vai se habituando aos novos sabores e até já conseguiu levar a colher uma vez ou outra com correção à boca (embora se mostre muito mais fã do cabo!).
 
 
 
Ao lanche, temos lhe oferecido fruta e legumes inteiros. A banana foi a que suscitou maior interesse até agora, mas continua a ficar agoniada e emite o som "aaaa", olhando para mim com alguma aflição...
 
 
Estamos a viver tudo isto com tranquilidade e sem pressas, mas tal só está a ser possível porque eu estou com ela em casa e estarei nos próximos dois meses (pedi Licença Parental Alargada, como relato neste texto). Se tivesse ido trabalhar no mês passado, como estava inicialmente previsto, ela estaria ainda menos preparada e nós estaríamos a querer que toda esta mudança acontecesse mais rapidamente.
E isso, infelizmente, é o que acontece com a grande maioria dos pais. O que me leva a pensar que muitos dos problemas associados à alimentação das crianças advém desta passagem abrupta. E isto conduz-me a outro pensamento, que já tenho tido algumas vezes desde que fui mãe: é extremamente injusto que não disponhamos de mais tempo para estar com os nossos bebés!
 
Não sei se esta estratégia que estamos a utilizar resultará. Mas, neste momento, é a que se nos mostra mais conciliável com as características da nossa bebé. O tempo o dirá...
 

5 comentários:

  1. Olá Sofia, adorei este texto. Surgiu-me uma dúvida: não introduz os alimentos novos de três em três dias para despistar as questões alérgicas? Com alimentos moles como o iogurte como se faz? Dá-se a colher e o iogurte? Se tiver algum artigo especialmente bom, além deste, que a tenha inspirado seria possível dar-me o link? Boas experiências alimentares :)

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    1. Olá Margarida! Obrigada!
      Não havendo historial de alergias na família, os defensores deste método acreditam que não há necessidade de fazer a introdução alimentar dessa maneira, ou seja, que a alimentação pode e deve ser variada desde o início, de acordo com o que a família come (desde que a família também siga uma dieta saudável). Ainda assim, e como falei quer com a pediatra quer com a médica de família, sobre a introdução dos sólidos e quis ouvir as suas diretrizes, (curiosamente diferentes, pois cada médico tem as suas crenças|!), tenho tentado dar os alimentos que elas sugeriram em primeiro lugar.
      Se o bebé estiver a ser amamentado, não há necessidade de consumir iogurtes... Segundo o blw, não são dados alimentos moles aos bebés, mas também eu decidi dar sopa à minha bebé... Tenho lhe dado a colher com sopa e deixado que mexa também na tigela, mas sem a largar, se não teria sopa nas paredes todas!! :) E se ela abrir a boca, mostrando interesse, ajudo-a a colocar a colher corretamente. Penso que poderá fazer o mesmo com o iogurte.
      Aconselho-a a ler o livro Baby-Led Weaning de Gill Rapley e Tracey Murkett.
      Este blogue é interessante http://tanahoradopapa.com/2014/09/30/o-baby-led-weaning/ mas se fizer uma pesquisa por baby led weaning no google, encontrará muitos mais...
      Boas leituras! :)

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  2. Derivados do leite de vaca, como o iogurte, só são recomendados a partir do primeiro ano de vida!

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  3. Adorei a descrição, o comentários a opinião. Eu também gostava de aplicar BLW mas o Pediatra não é muito a favor e olhe eu também fiquei com medo de deixei-me ficar quieta.
    Agora o meu Duarte já completou os 7 meses e a destreza dele é cada vez melhor.
    Pretendo começar o "meu" BLW aos poucos.
    Ele almoça e janta creme de legumes com carne e depois frutinha (para já cozida).
    Pretendo começar a dar-lhe cenoura, bróculos e afins, para a mão a ver como reage.
    E pronto... não dá para mudar muito mais porque ele gosta muito de comer, lol se lhe desse mais marchava e estou a trabalhar, ou seja, o lanche é a avó que dá e isto iria ser muito radical para ela. ehhehehe

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    1. Acho que, de facto, o importante é escolher uma introdução alimentar que nos transmita segurança e que sintamos que se adapta ao nosso bebé...
      E se o seu bebé gosta de comer, já é meio caminho andado!
      Felicidades!

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