terça-feira, 12 de setembro de 2017

Porque é que lhe estão sempre a falar do irmão?

Cá em casa,  a mana mais velha está farta que toda a gente lhe fale do irmão!

E eu decidi escrever este texto apenas como forma de alerta, pois certamente não é ela a única nesta situação. Haverá por esse mundo muitos "manos mais velhos" a sofrer do mesmo mal! Os responsáveis? Nós, adultos, que inconscientemente e provavelmente por desejarmos que haja uma boa aceitação do bebé por parte da criança, nos pomos todos com o mesmo tipo de conversa. Nas primeiras vezes a criança ainda responde entusiasmada, nas vezes seguintes já mostra alguma saturação, e ao fim de um tempo tem atitudes desadequadas como virar a cara, fazer expressão zangada ou grunhir! Pelo menos, foi o que aconteceu com a minha filha!



Não pensem que ela não está a aceitar bem o irmão. É super protetora, ternurenta e atenciosa com ele... E se alguém mete conversa com ela, mas não repara nele, é bem possível que pergunte: "Tu já viste o meu mano?". Mas nessa situação é ela que o quer mostrar. Não é algo que é impingido à força na conversa!

"Gostas do mano?" Que pergunta... É claro que gosta!
"Posso levar o mano para casa?" Que absurdo! Ela sabe que o bebé precisa dos pais e que estes não deixarão ninguém levá-lo para onde quer que seja. Ainda assim, consegue irritar-se com esta pergunta e responder "NÃO!" com cara de pouco amigos.
"O mano porta-se bem?" Ela ainda nem tem bem construído o conceito de comportar-se bem em relação a si, quanto mais em relação ao mano! Ele dorme, mama e chora... Estará a portar-se bem? Eu própria me questiono, como é que um bebé de um mês se comporta mal?!
"Ajudas a mamã a tratar do mano?" Sim, ajuda, e gosta muito...

Mas também gosta que lhe perguntem: "Tens ido ao parque?", "Quais são os teus desenhos animados favoritos?", "Como se chamam os teus amigos?", "Este ano vais para a natação?", "Gostas de livros?"... E isto só para dar alguns exemplos do que se pode perguntar a uma criança sobre... ela própria!

No outro dia, fui com os meus filhos ao mini mercado da avó. Quase toda a gente que lá vai conhece bem a minha filha, pois a avó tem tomado conta dela quando estou a trabalhar. Inevitavelmente toda a gente quis ver o bebé e toda a gente ficou contente por a rever, mas as conversas não fugiram muito dos exemplos que dei acima, com as reações menos simpáticas por parte dela que também já descrevi.
No caminho para casa, diz-me: "Tou dandada!", isto é, "Estou zangada!".
"Estás zangada com quem?", pergunto eu.
"Com as pessoas..."
No seu discurso ainda pouco claro, explica-me que queria falar do seu recente interesse pela dança à última senhora que se meteu com ela. Esta colocou-lhe questões acerca do irmão sem perceber que ela não estava a responder-lhe mas a querer falar de outro assunto.
E foi nesse instante que me consciencializei do que a minha filha andava a sentir.
"Estás zangada com as pessoas porque só te falam do mano e tu querias falar sobre as tuas coisas. É isso?", continuei, tentando ajudá-la a clarificar os seus próprios sentimentos.
"Sim."
Simples. E no entanto, nem sempre óbvio...

2 comentários:

  1. ...pois é! Temos tanta necessidade de unir que às vezes estragamos tudo! Sempre com as melhores intenções, sempre com muito afeto, sempre com muita atenção, sempre porque queremos o melhor para eles, esquecemo-nos do fundamental: respeitar os seus seres, respeitar o seu espaço! Eles serão sempre ligados! Eles são irmãos! ...e nós com a nossa sofreguidão de não errar, continuamos a errar! Valha-nos mães conscientes e atentas para nos passarem informações e lembretes para olharmos para nós e pensarmos! Obrigado!

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